segunda-feira, 8 de agosto de 2016

NOTA DE REPÚDIO DOS MORADORES DE BELO HORIZONTE AO INCÊNDIO NA MATA DO PLANALTO, dia 05/08/2016.

NOTA DE REPÚDIO DOS MORADORES DE BELO HORIZONTE AO INCÊNDIO NA MATA DO PLANALTO, dia 05/08/2016. 

Os moradores dos Bairros Planalto, Campo Alegre, Vila Clóris e da Cidade de Belo Horizonte repudiam os incêndios no Parque do Planalto, no dia 26 de julho de 2016 e na Mata do Planalto, dia 5 de agosto de 2016, dia da abertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em que o tema que prevaleceu foi a preservação do planeta Terra, e cobram das autoridades a elucidação dos crimes com punição dos responsáveis. Moradores surpreenderam os criminosos, que se evadiram do local após constatarem o fogo se alastrando pela vegetação, com a consequente revoada de pássaros e mortandade de animais, que não conseguiram fugir do local, como filhotes de pássaros e répteis. O fogo começou na Mata do Planalto por volta de 16 horas, da sexta-feira, dia 05/08, e se estendeu até a noite. O Corpo de Bombeiros conseguiu debelar o incêndio após exaustivas horas de trabalho. Os incêndios no Parque do Planalto e na Mata do Planalto têm características criminosas e estão sendo investigados pela polícia.  De acordo com a Associação Comunitária do Planalto e Adjacências nunca foram registrados atos criminosos de qualquer natureza no local, e ao que tudo indica tratam-se de crimes para desgastar a luta, que já dura sete anos, pela preservação da última área de Mata Atlântica de Belo Horizonte. A área não tem apenas relevância no que diz respeito à biologia local, mas também por sua conexão multifuncional verde em relação aos recursos hídricos, dentre outros. Além disso, é importante para equilibrar o clima urbano, higiene do ar, melhoria da qualidade de vida nos bairros próximos, melhoria do bem-estar ambiental, funções para o lazer, educação ambiental, entre outros aspectos que destacam a necessidade da preservação integral da área e sua desapropriação por causa da utilidade pública que já possuí. É importante destacar também que os/as cidadãos/ãs locais são muito engajados na luta para preservar a área. Aspecto extremamente positivo para a institucionalização da área verde. A autorização da destruição da área apenas para beneficiar uma construtora particular, a Construtora Direcional (não existe outro motivo) ao invés de se aproveitar este potencial local para melhorar o bem-estar socioambiental, contraria todos os princípios de um planejamento urbano moderno que procura a sustentabilidade social e ambiental. São 200 mil m2 de mata Atlântica, mais de 20 nascentes, que abrigam espécies da fauna e da flora em extinção, como Ipê-Amarelo, Tucanos, Mico-Estrela, Pau-Brasil, Jacarandá da Bahia, Seriema, Pica-pau, Beija-Flor-de-Fronte-Violeta, Saracura, Mico-Estrela, répteis como cobras, lagarto Teiú, entre outras. Muita ironia o incêndio na Mata do Planalto ocorrer exatamente no dia da abertura das Olimpíadas, quando foi exaltada a natureza, a imensidão do verde da Selva Amazônica, e a preocupação com o planeta Terra com o derretimento de calotas polares, a elevação do nível do mar e os perigos que o aquecimento global está causando. O espetáculo veio como um apelo para preservar o planeta Terra, nossa única Casa Comum. O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si, de 2015, alertou sobre a urgente preservação da Terra. Enquanto isso, Belo Horizonte segue na contramão dos apelos pela preservação. Estratégias têm sido utilizadas pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) para conceder o licenciamento ambiental, com a falta de sensibilidade do Executivo para as reivindicações da comunidade pela preservação da área, e com a investida da Construtora Direcional, que visa somente o lucro e não tem preocupação ambiental. O projeto da Construtora Direcional é construir 16 prédios, com 16 andares, totalizando 760 apartamentos de luxo (cada um acima de 2 milhões de reais), mais de 1300 vagas de garagem, exterminando toda espécie que encontra abrigo no local. A construção de prédios na Mata do Planalto irá adensar a região e comprometer as nascentes que formam o Córrego Bacuraus, deságuam no Rio das Velhas e no Rio São Francisco, comprometendo o abastecimento de água da cidade, em tempos de crise hídrica. O incêndio no Parque do Planalto, 10 dias antes, cujas nascentes compõem junto com as da Mata do Planalto, o Córrego Bacuraus, tudo indica também ser criminoso, e inquérito policial já está investigando. A nascente do Parque do Planalto foi escolhida para revitalização pelo subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Onça como parte do Projeto Hidroambiental de Valorização de Cuidadores de Nascentes Urbanas. Estamos às vésperas das eleições municipais e nutrimos, ainda, esperanças que os apelos pela preservação do Planeta, tanto do Papa Francisco quanto da abertura das Olimpíadas 2016 no Rio, sinalizem um novo rumo na Cidade de Belo Horizonte no tocante à preservação de suas áreas verdes. Os eleitores não irão privilegiar candidato que não tenha compromisso (não eleitoreiros) com o meio ambiente, totalmente fragilizado pela desastrosa gestão até agora, que está retirando dos belo-horizontinos suas preciosas fontes de vida, sejam elas de natureza pública ou privada, comprometendo a qualidade de vida e a sobrevivência das presentes e futuras gerações. Belo Horizonte pode dar o exemplo para o Brasil e para o resto do mundo preservando a última área de Mata Atlântica da Cidade: a Mata do Planalto. 

Belo Horizonte, 08 de agosto de 2016.
Assinam essa Nota
Movimento salve a MATA DO PLANALTO
Associação Comunitária do Planalto e Adjacências
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAMBH)

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